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COVID-19 : UNESCO realiza webinar sobre equidade na educação

É preciso uma cidade para educar uma criança, ainda mais em tempos de ensino a distância, quando a educação escolar se torna virtual. São necessárias uma abordagem de toda a comunidade e parcerias mais fortes para tornar o ensino a distância inclusivo: esse foi um dos principais pontos do primeiro seminário online (webinar) da UNESCO sobre a resposta educacional à Covid-19, que atraiu funcionários governamentais, profissionais e especialistas de mais de 50 países, no dia 20 de março de 2020.

“O conhecimento científico e a colaboração mundial estão evoluindo mais rapidamente do que jamais vimos”, disse Catherine Kane, da Organização Mundial da Saúde (OMS), que coordenou a realização do webinar. “Nós não podemos enfatizar o suficiente a importância das parcerias, especialmente entre educação, trabalho e saúde, para manter nossa população saudável, escolarizada e ativa”. Para enfrentar os desafios da equidade, ela recomendou a aprendizagem com as abordagens utilizadas em situações de emergência, incluindo medidas para garantir que os estudantes que dependem das refeições servidas na escola não passem fome enquanto as escolas estiverem fechadas.

Restaurar o senso de comunidade

À luz da gravidade da situação, o assessor do ministro da Educação da Itália, professor Alberto Melloni, destacou a importância de uma abordagem que envolva toda a comunidade. “Nós estamos trabalhando com uma verdadeira tragédia. São os professores que podem se conectar online e offline para restaurar um senso de comunidade”.

Com mais de 8 milhões de estudantes fora da escola, o país está usando uma combinação de abordagens para não deixar ninguém para trás e apoiar as famílias. Para garantir que a aprendizagem continue para todos, o Ministério da Educação da Itália anunciou um investimento de 85 milhões de euros para fornecer dispositivos de aprendizagem a distância (e-learning) aos estudantes mais desfavorecidos.

Em Ruanda, onde as escolas estão fechadas há uma semana, o governo está enfrentando o aumento da demanda por plataformas de aprendizagem a distância, bem como problemas de conectividade. “Estamos lidando com questões de equidade e introduzimos taxas-zero de acesso à banda larga para que os pais não precisem pagar”, disse Christine Niyizamwiyitira, chefe do Departamento de TIC na Educação do Conselho de Educação de Ruanda. “Também estamos usando diferentes ferramentas, de plataformas online a transmissões de rádio e televisão, inclusive em assuntos sobre ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês)”. O Conselho está desenvolvendo guias de aprendizagem para orientar estudantes, pais e professores.

Nada substitui um bom professor

O papel central do professor na garantia da continuidade da educação foi enfatizado pelo diretor-geral do Centro Nacional de Educação a Distância (CNED) da França, Michel Reverchon-Billot. A plataforma nacional de aprendizagem digital do CNED,  (Minha aula em casa), está sendo utilizada em todo o país; além disso, o governo também fornece dispositivos e suporte para os 5% de estudantes que não têm acesso à internet.

O papel do Ministério da Educação em promover a colaboração entre o governo, as empresas, as universidades e as escolas também foi destacado pelo diretor-geral do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Educação da China, Chaozi Lei, e pelo correitor do Instituto de Aprendizagem Inteligente da Universidade Normal de Beijing, Ronghuai Huang.

A esse respeito, o Ministério da Educação da China trabalhou com empresas de educação para fornecer serviços gratuitos e recursos curriculares online para os estudantes do ensino médio (educação secundária superior), para as universidades e para o público em geral. Também está fornecendo treinamento para ajudar os professores a se adaptarem ao novo ambiente de aprendizagem e a dominarem as habilidades de ensino online. Por meio de um estudo recente, o Ministério da Educação constatou que 80% dos professores estão prontos para usar mais tecnologias da informação e comunicação (TIC) em seus trabalhos, agora e no futuro.

A integração de diferentes soluções digitais para garantir uma experiência de aprendizagem contínua foi enfatizada por Hwansun Yoon, do Serviço de Informações sobre Pesquisa e Educação da Coreia do Sul (KERIS). O  administra um portal eletrônico temático que fornece conteúdo educacional aberto, um espaço de sala de aula eletrônica/virtual (E-Hakseupteo), no qual os estudantes recebem assistência personalizada, uma plataforma para os professores compartilharem planos de aula e outras atividades educacionais (School-On), bem como uma plataforma digital de livros didáticos. O conteúdo está alinhado com o currículo nacional em todas as plataformas, da online à TV e ao rádio. Além disso, os estudantes estão aprendendo a reconhecer notícias falsas sobre a pandemia como parte de suas atividades escolares, tanto nas plataformas digitais quanto nas de rádio.

O papel do multilateralismo

A série de webinars é parte da  da UNESCO para possibilitar a aprendizagem entre pares e o compartilhamento de experiências entre todos os países. “Contra uma pandemia mundial, todos nós percebemos o valor da cooperação internacional e a necessidade de nos unirmos para compartilhar as melhores práticas e as lições aprendidas – em todo o mundo, na Bélgica, na Finlândia, nas Ilhas Seicheles, os países estão implementando soluções para garantir a continuidade da aprendizagem para todos. Os ministros precisam lidar com situações muito específicas, e não existe uma abordagem de “tamanho único”. Todos precisamos aprender uns com os outros e podemos construir um sistema educacional mais forte a partir desta crise”, disse Stefania Giannini, diretora-geral adjunta de Educação da UNESCO.