Publica??o

Editorial

2019: the International Year of Indigenous Languages
The UNESCO Courier
January-March 2019
UNESCO
0000366654

¡°Queremos escrever a nossa enciclop¨¦dia sobre aspectos da ¨¢gua. Voc¨ºs podem nos ajudar?¡± Com esse pedido, uma delega??o da comunidade Mayangna, que vive na floresta tropical de na Nicar¨¢gua, visitou a UNESCO em meados dos anos 2000. Tamb¨¦m conhecida como ¡°o Cora??o do Corredor Biol¨®gico Mesoamericano¡±, sua floresta havia se tornado parte da  da UNESCO em 1997, e a Organiza??o havia recentemente lan?ado, em 2002, o programa de Sistemas de Conhecimento Locais e Ind¨ªgenas (). Era o momento certo para iniciar um : registrar os detentores do conhecimento ind¨ªgena, a fim de publicar toda a gama de conhecimento Mayangna sobre peixes e tartarugas. Um livro de mais de 450 p¨¢ginas, em dois volumes e em duas l¨ªnguas (mayangna e espanhol), foi lan?ado em 2010, marcando a conclus?o bem-sucedida da primeira parte de um projeto maior a respeito do conhecimento Mayangna sobre a natureza em geral.

Os Mayangnas sabiam que se n?o registrassem, com urg¨ºncia, seu conhecimento em um livro, ele  desapareceria gradualmente, no mesmo ritmo em que sua floresta estava desaparecendo sob a press?o do desmatamento ilegal de florestas e do desenvolvimento da agricultura intensiva. Esses dois m¨¦todos de explora??o da natureza s?o opostos ao modo de vida tradicional dos povos ind¨ªgenas da Reserva Bosawas, que tem como base a ca?a, a pesca, a colheita de frutas e vegetais, e a cria??o de gado para a pr¨®pria subsist¨ºncia.

A UNESCO os ajudou a salvaguardar seu conhecimento para que este pudesse ser transmitido ¨¤s gera??es futuras, mas tamb¨¦m para torn¨¢-lo dispon¨ªvel ¨¤ comunidade cient¨ªfica internacional. Esse ¨¦ um dos principais objetivos do , que visa, sobretudo, a assegurar um papel equitativo do conhecimento ind¨ªgena na educa??o formal e informal, bem como a integr¨¢-lo aos debates cient¨ªficos e pol¨ªticos.

Esse conhecimento, que cont¨¦m informa??es essenciais sobre subsist¨ºncia, sa¨²de e uso sustent¨¢vel dos recursos naturais, ¨¦ veiculado e transmitido por um ¨²nico meio ¨C a l¨ªngua. Por essa raz?o, salvaguardar as l¨ªnguas ind¨ªgenas, um n¨²mero crescente das quais est?o amea?adas atualmente, ¨¦ crucial n?o apenas para manter a , mas tamb¨¦m para a diversidade   e  do mundo.

Embora representem apenas 5% da popula??o mundial, os povos ind¨ªgenas falam a maioria das 7 mil l¨ªnguas que existem no mundo e ¡°possuem, ocupam ou usam recursos de cerca de 22% da superf¨ªcie terrestre que, por sua vez, abriga 80% da diversidade ²ú¾±´Ç±ô¨®²µ¾±³¦²¹ do mundo¡±, de acordo com o livro , publicado pela UNESCO em 2012.

Com o estabelecimento de 2019 como o Ano Internacional das L¨ªnguas Ind¨ªgenas (IY2019), lan?ado oficialmente pela UNESCO em 28 de janeiro, a comunidade internacional reafirma seu compromisso de apoiar os povos ind¨ªgenas em seus esfor?os para preservar seus conhecimentos e desfrutar de seus direitos. Desde a aprova??o da  pela Assembleia Geral das Na??es Unidas em 13 de setembro de 2007, avan?os consider¨¢veis foram realizados nesse sentido.

No entanto, os povos ind¨ªgenas ainda t¨ºm um longo caminho a percorrer antes de sa¨ªrem da marginaliza??o e superarem os muitos obst¨¢culos que enfrentam. Um ter?o das pessoas que vivem na extrema pobreza em todo o mundo pertencem a comunidades ind¨ªgenas, assim como, em v¨¢rios pa¨ªses, a legisla??o que promove os direitos desses povos continua a ser incompat¨ªvel com outras leis que tratam de quest?es como agricultura, terra, conserva??o, ind¨²strias de silvicultura e de minera??o, segundo??????? , relatora especial das Na??es Unidas para os Direitos dos Povos Ind¨ªgenas.

A se??o Grande angular deste n¨²mero de O Correio ¨¦ dedicado a eles. Retira seu t¨ªtulo do prov¨¦rbio chin¨ºs ¡°quando beber ¨¢gua, lembre-se da fonte¡±, para lembrar que o conhecimento ind¨ªgena, fonte de todo o conhecimento, merece um lugar proeminente na modernidade. Tamb¨¦m est¨¢ associado ¨¤ celebra??o do , 21 de fevereiro.

Vincent Defourny e Jasmina ?opova

Subscribe